Pesquisar este blog

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Flores 1



Se eu pudesse colorir minha vida com o photoshop...

Já que eu não posso, me divirto colorindo as flores do quintal...

E tudo fica bem...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Nevilton - O Morno






O Morno Nevilton

Ele só queria ver o sol
Mas nunca saía do seu quarto
Culpava a incerteza e a distância
Só se for fácil e garantido, aí eu faço

Nunca joga nada e quer massagem (só massagem)
Não quer nem ver o jogo e só quer gol (só quer gol)
Não lê o livro, só quer a mensagem (nunca lê)
E só chupa a laranja que um outro descascou

Rezava, mas esquecia de crer
Queria o bem, mas só levava a mal
E quando, então, o papo era fazer
Preferia voltar só no final

Pois sempre foi mais fácil esperar (esperar)
E ver as flores no jardim dos outros (no jardim)
Esperar para ver no que vai dar (vai dar sim!)
E se for legal, por que não fazer igual?

Queria muito viver bem a vida
Mas esquecia apenas de viver
Passava o dia olhando pra parede
E nunca via nada acontecer

Queria saber como é viajar (viajar)
Mas tinha medo de algo dar errado (dar errado)
Então achava melhor nem tentar (nem tentar)
E esquecia que podia ter amigos ao seu lado

Enfim, um dia ele acordou pra vida
E experimentou o que é viver
E amou, errou, tentou, leu, descobriu...

Que é natural nem tudo sair como se espera
Mas todo ano chega a primavera
E o calor do sol sempre ta aí pra te abraçar
Pode sorrir!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O contexto é importante, você não acha?



Encontrei com ela no ponto de ônibus, onde, de maneira envergonhada, me contou que não havia terminado de tirar a habilitação. O processo completou um ano. Segundo ela, tempo, dinheiro e paciência foram jogados fora.

Conheci esta senhora no curso do CFC, ela já havia reprovado na prova teórica uma vez. Recordo de sua postura em sala de aula, era a mais velha, e os meninos do fundo (um bando de moleques) tiravam sarro de sua vagarosidade. Sim, existia lentidão para a leitura e entendimento, mas eles não percebiam o contexto. A senhora era praticamente analfabeta, estava cursando a segunda série via sistema supletivo aos 50 anos.

Na segunda prova do CFC ela foi aprovada, eu também, mas de primeira, ainda bem.
Era o fim da teoria e o início da prática. Fui aprovada na prova de carro e reprovei uma vez na avaliação de moto. Ela só tentou tirar habilitação de carro, mas na prova disse ter derrubado um cone ao sair da baliza. Ou seja, não passou.

O tempo voou e um novo período será iniciado em nossas vidas, eu estou habilitada e ela continua em busca da carteira de motorista. Vai começar tudo de novo.

Percebo que quando as coisas não são feitas na idade supostamente correta (de acordo com os padrões da sociedade), tudo fica bem mais difícil. Cada ação tem sua conseqüência.

Perguntei para ela porque não estudou quando pequena. Ela me disse que o pai havia lhe tirado da escola para trabalhar.

Eu pensei “não sou melhor que ela, as oportunidades é que foram diferentes”.
Por isso, a importância de analisar o contexto. Em tudo...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O valor só é percebido quando algo se vai...

Café da tarde, xícaras na mesa, manteiga sendo espalhada no pão. Café da tarde com visita numa tarde fria de sábado, conversas tomam forma e os contratempos das três vidas são compartilhados pelas vozes femininas. Uma queixa-se do filho, outra do desemprego, enquanto a terceira da idade e implicações que ela traz.


De repente um barulho. Elas se entreolham. Parece que algo aconteceu, as luzes da casa piscaram, um barulho pareceu sair do transformador de energia. Tudo ficou mais apagado, depois de piscar mais uma vez, o tom diminuiu. Tudo ficou com cor de amarelo morto. Parece que até o frio adentrou a cozinha com mais voracidade.


Na rua gritaria, crianças bagunçando. A mais jovem das três mulheres dirigiu-se até o portão, de onde tudo se via, com um ponto de interrogação pregado na testa. Ao observar entende tudo. Os moleques conseguiram romper o fio da eletricidade com o cerol. A pipa vermelha ficou enroscada, enquanto os moleques saboreavam a conquista.


Ao perceberem os moradores no portão, que buscavam explicação para o barulho e falta de energia elétrica, logo os moleques subiram em suas bicicletas e começaram a pedalar pra bem longe a fim de escaparem da repressão. Um morador gritava:


- Ahhh moleque, se alguma coisa queimou em minha casa você vai pagar!!! Eu sei que foi você de bermuda vermelha, se eu te pego sua peste....

A primeira entra esbravejando e comenta sobre o ocorrido. Que falta de consciência! Toma a conta de energia em suas mãos e relata via telefone para Renata, a atendente da operadora de energia, o ocorrido.


- Um moleque de bermuda vermelha enroscou uma pipa no fio de energia. Não contente, estraçalhou o fio ao meio ao puxar a linha cheia de cerol. Eu não me conformo – desabafa. Quanto tempo demora Renata? Não Sabe? Ah que bom, está escurecendo, estou sem velas...


Volta para a cozinha, comenta. A visita vai embora e as duas ficam na calçada esperando.


Logo chega o carro da operadora de energia e dois homens saltam do automóvel. Os meninos que há pouco haviam fugido dos moradores voltam também. Pedem a pipa (que audácia!).


Os homens olham para o fio, conversam entre eles. Preparam a escada e analisam.

Silêncio. Descida. Uma ligação.


Pelo visto precisam de ajuda, material ou qualquer coisa que não tem no automóvel.

Os moleques se refestelam, a pipa vermelha é devolvida, e pior, sem a menor indagação ou bronca. Elas se olham, não concordam.


- Será que é tão normal assim? Cadê a mãe desse moleque? Se fosse eu deixaria de castigo, sem comer e no escuro por dois dias.

- Maldade menina. Mas que merece uns puxões de orelha, ah isso merece. Imagina se toma um choque e morre aqui, por causa de uma pipa. Além de quase morrer, o “fio da p...” do moleque ainda deixa a rua toda no escuro. Não vê que tem criança pequena, velhinhos e até açougue. Vai estragar a carne do moço. Ohhh falta de consciência, meu deus, onde vamos parar?!!, cada um só pensa no próprio umbigo, Jesus!


Meia hora depois o carro chega. Os quatro homens trocam informações. O segundo carro parte.

Novamente a escada sobe e, no escuro, a luz da lanterna do carro, super potente por sinal, uma mágica é realizada e a energia volta.


Elas se entreolham e comentam:

- Tem coisas que a gente só valoriza quando vai embora. Sem ela não dá pra tomar banho, ver TV, acessar internet e ver você. E pensar que quando eu vim morar aqui nem luz tinha heim...


- Pois é, parece que tudo na vida é assim né...o ser humano é tão estranho...